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domingo, 27 de janeiro de 2013

As estranhezas da vida

Acho que como todos os brasileiros (ou quase todos) eu estou com aquela estranheza pós-tragédia, uma tragédia que não me atinge diretamente, porém que me atinge em alguma camada, e fica dolorido, não de dor forte e dilacerante, mas dor doída e insistente que martela na cabeça e que me faz não pensar em outra coisa.
Acho que a morte faz parte dos fatos incômodos e estranhos da vida, mas tragédias são estranhezas de grau não catalogado, me entende? Onde você sofre somente por se colocar no lugar do outro, seja esse outro quem for, mesmo que na vida anterior ao fato este outro pudesse não despertar em você nenhum sentimento que pudesse lembrar a compaixão.
A tragédia acontece assim, sorrateira, silenciosa e devastadora, devastadoramente triste e cruel. Nesta acontecida hoje as doses de espanto se tornam tão maiores ao pensar que duzentos e tantos jovens não irão se formar na faculdade, não irão ter filhos, não irão ver o sucesso, não irão sofrer a dor das perdas naturais da estranha vida, e isso me inquieta a alma, me inquieta saber que num sopro acabou o bláblá, as gracinhas irritantes que só os jovens conseguem fazer com maestria, na verdade, essa verdade mal-humorada, tudo acabou, ficam apenas sonhos de agenda, rede social, sonhos de fotos e de palavras ouvidas, mas nunca mais repetidas.